quinta-feira, 12 de março de 2009

A MORTE



Tu que retirastes a vida minha,
De nome que não me atrevo a clamar,
Espectro enfermo que ermo caminha,
Levastes o que eu adorava amar.
Dize: de que tu me serves agora?
Se n’alvura de nuvens lá no céu
Valsas, ninfa, embutida num fino véu,
Feliz, sorrindo, desfrutand’aurora.
‘Spero distanciar-me das mais vis dores
Ai de minh’alma fugidia...
Dança tão surpreendente, vadia,
Olvidando todos os meus amores.
Já não há um belo Febo que me aqueça
Nem ninfas que me cantem liras delirantes,
Já não há sofrimento que me esqueça
Nem sentido nestas rimas marcantes.
Se advirto o peito meu deste desgosto,
Martírio íntimo - um coração aberto,
Prevenir, prevenia; um pulsar danoso
Deste peito meu desperto.
Tend’em mim uma nova dor ardente
Neste meu solitário peito palpitante.
Eu grito com bramidos sufocantes: volta,
Vida minha! Onde andas tu que, tão solta,
Não escutas a minha sufocante solfa?

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